08/08/2008
Açores estudam autonomia energética
‘Green Islands’ é o nome de um projecto inovador que poderá mudar a
forma como os Açores utilizam os seus recursos energéticos. O objectivo
passa por encontrar novas metodologias de rentabilização dos recursos
naturais da região, com vista a atingir uma autonomia energética. As
ilhas das Flores e São Miguel foram as escolhidas para a fase
experimental da iniciativa.
Concebido pelo MIT (Massachusetts
Institute of Tecnologies), um dos mais prestigiados institutos dos
Estados Unidos, e aplicado em Portugal através de uma parceria com o
INESC Porto (Instituto de Engenharia de Sistemas de Computadores), o
Green Islands está numa fase inicial de recolha de dados e informações
sobre a utilização real dos recursos energéticos nessas ilhas.
O
primeiro passo é desenvolver um plano estratégico e implementar parte
desse mesmo plano forma a transformar estas duas ilhas açorianas em
sistemas com elevado grau de autonomia energética.
Para alcançar
esta meta, o projecto vai actuar nos sistemas de transporte, através da
introdução de frotas de veículos movidos a electricidade, sobretudo
transportes públicos e viaturas de empresas distribuidoras, e irá
explorar intensivamente soluções de armazenamento de energia,
envolvendo simultaneamente a utilização de soluções avançadas de gestão
e controlo do sistema eléctrico de cada ilha. O aumento do grau de
autonomia energética será obtido através da maximização da produção de
energia eléctrica a partir de recursos energéticos renováveis
(sobretudo geotérmicos e eólicos), e através do aumento da eficiência
energética ao nível da procura.
Autonomia energética
As
ilhas são excelentes laboratórios reais, nos quais se podem organizar e
demonstrar novas metodologias para uma transformação económica e
ambientalmente sustentável de soluções inovadoras no domínio energético.
Stephen
Connor, engenheiro do MIT responsável pelo projecto, disse em recentes
declarações, no âmbito da Feira Ambitech, realizada em São Miguel, que
“este projecto é de enorme importância para as comunidades, uma vez que
vai além da busca por novas tecnologias. O Green Islands visa encontrar
metodologias que permitam uma autonomia energética do arquipélago
utilizando os recursos naturais das ilhas, de forma a dotar a região de
melhores argumentos para encarar os novos desafios económicos e
ambientais”. O mesmo destaca ainda: “no último ano o MIT tem
desenvolvido um conjunto de iniciativas e actividades que conjuguem o
‘verde’ e ‘inteligência’ como objectos de estudo e base para novas
descobertas”.
Este projecto de bandeira do programa MIT –
Portugal para a área dos Sistemas Sustentáveis de Energia é pioneiro no
sector. A escolha da região deveu-se às particularidades do arquipélago
e ao enorme potencial das ilhas em termos de energias renováveis. A
secretaria da economia e a EDA vão participar no projecto como
observador e parceiro local, respectivamente. O sucesso final do Green
Islands pode colocar o nome Açores num avanço importante para a
reestruturação energética do globo, como vai ainda dotar a região de
uma maior capacidade de enfrentar as novas dificuldades económicas,
fruto do aumento dos combustíveis.
INESC Porto
O
INESC Porto - Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do
Porto é uma associação privada sem fins lucrativos reconhecida como
instituição de utilidade pública, tendo adquirido em 2002 o estatuto de
Laboratório Associado. Desenvolve actividades de investigação e
desenvolvimento, consultoria, formação avançada e transferência de
tecnologia nas áreas de Telecomunicações e Multimédia, Sistemas de
Energia, Sistemas de Produção, Sistemas de Informação e Comunicação e
Optoelectrónica.
O INESC Porto é uma instituição criada para constituir uma interface
entre o mundo académico e o mundo empresarial da indústria e dos
serviços, bem como a administração pública, no âmbito das Tecnologias
de Informação, Telecomunicações e Electrónica, dedicando-se a
actividades de investigação científica e desenvolvimento tecnológico,
transferência de tecnologia, consultoria e formação avançada.
O instituto procura pautar a sua acção por critérios de inovação, de
internacionalização e de impacto no tecido económico e social,
sobretudo pelo estabelecimento de um conjunto de parcerias estratégicas
que garantam a sua estabilidade institucional e sustentabilidade
económica.
Por: Fernando Pereira
A União