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BIOMASSA
01/03/2012

Mapeamento Biomássico do Alto Alentejo


Atualmente, a bioenergia surge fortemente representada em praticamente todos os cenários de oferta de energia, na medida em que este recurso se constitui, em termos potenciais, como um dos maiores e mais sustentáveis do planeta. Este facto, por si só, revela a importância do conhecimento das quantidades de biomassa efetivamente disponíveis para produção de energia, instituindo-se inclusivamente como um desafio de grande interesse a vários níveis: a capacidade de se estimar a possível contribuição da bioenergia no mix energético nacional, bem como pela aptidão que este tipo de estudos possui no delinear de políticas e estratégias locais e regionais de aproveitamento do recurso.

De acordo com o disposto no Plano de Ação para a Biomassa da UE, que estabelece para 2020 um incremento significativo na produção de energia, nomeadamente elétrica, por via do aproveitamento da biomassa, decorreram em 2006 em Portugal uma série de concursos para atribuição de capacidade de produção elétrica por via do aproveitamento da biomassa. A região do Alto Alentejo esteve posicionada como uma das candidatas a receber a instalação de uma central biotermoelétrica de 10 MVA, contudo, este projeto não foi concretizado!

Julga-se que uma das condicionantes para a sua não concretização tenha que ver com a inexistência de um adequado mapeamento relativo à disponibilidade de recursos biomássicos da região.
Neste contexto, e no âmbito do projeto ALTERCEXA – Medidas de Adaptação e Mitigação das Alterações Climáticas, aprovado pelo POCTEP (Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Portugal – Espanha 2007 – 2013), a AREANATejo efetuou o mapeamento biomássico para 9 concelhos do Alto Alentejo, nomeadamente Alter do Chão, Arronches, Avis, Castelo de Vide, Crato, Marvão, Monforte, Portalegre e Sousel, sendo que o objetivo específico da tarefa foi demonstrar a oportunidade de valorização energética da biomassa, seja através da instalação de uma central biotermoelétrica na região (produção de energia elétrica e térmica), seja através do fomento de novos negócios em torno da valorização da biomassa como combustível para soluções de aquecimento e climatização.


A metodologia utilizada recorreu a um Sistema de Informação Geográfica (SIG) e considerou uma avaliação centrada no recurso, do tipo bottom-up, com estimação do potencial físico da produção de biomassa à escala regional e a adição de uma série de restrições técnicas ao seu aproveitamento. Esta primeira avaliação, depois de cruzada com informação estatística sobre a produção de biomassa e com informação relativa ao poder calorífico de cada coberto vegetal, permitiu estimar a quantidade de biomassa, bem como a quantidade de energia passível de ser realmente explorada e aproveitada.

O desenvolvimento do trabalho permitiu verificar que o Alto Alentejo possui um vasto potencial biomássico para fins energéticos. As estimativas obtidas apontam para um potencial de produção de resíduos agrícolas e florestais de 4.000 tonelada/ano e de 40.000 tonelada/ano, respectivamente, com o total anual a corresponder a cerca de 44.000 tonelada/ano de resíduos passíveis de serem explorados e utilizados para fins energéticos. A título de exemplo realçamos o potencial de produção de energia elétrica, constituindo a biomassa um importante recurso estimado em cerca de 44.000 MWh/ano valor equivalente ao consumo de energia eléctrica dos Municípios de Alter do Chão, Crato e Sousel em 2010!
 
As fontes mais importantes de resíduos agrícolas no Alto Alentejo são as plantas herbáceas e o olival, com disponibilidades na ordem das 1.500 e 1.200 tonelada/ano. No que diz respeito aos resíduos florestais destacam-se o sobreiro (Quercus suber), a azinheira (Quercus ilex) e o eucalipto (Eucalyptus globulus), estimando-se que cerca de 15.800, 9.000 e 6.400 tonelada/ano de biomassa proveniente destas espécies estejam disponíveis para fins energéticos. 


Verificou-se ainda que Avis é o concelho com maior potencial de produção de resíduos, estimando-se que a biomassa produzida possa atingir cerca de 9.700 tonelada/ano. Assumindo que toda esta biomassa seria utilizada numa central biotermoelétrica, o potencial energético do concelho de Avis alcançaria cerca de 9.600 MWh/ano. Seguem-se Portalegre e Crato com estimativas de produção de 7.300 e 7.100 tonelada/ano e potenciais energéticos de 7.500 MWh/ano e 7.200 MWh/ano, respetivamente.


Estes resultados podem ser consultados na “Plataforma ALTERCEXA” (http://altercexa.irradiare.com) e brevemente estarão também disponíveis na Matriz Energética Dinâmica do Norte Alentejo (http://www.areanatejo.pt/index.asp) e no GEOPortal do Alto Alentejo (http://www.cimaa.pt/). 


A AREANATejo acredita que este poderá ser apenas o primeiro passo para a região se posicionar estrategicamente para a receção de uma central biotermoelétrica, projeto que no seu entendimento deveria ser reativado, bem como para potenciar o aparecimento de novos negócios nesta área.


Areanatejo


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Última actualização 19/06/2019