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Destaques
17/09/2009

Dossier: Forno Solar Sun Cook


O Forno
O Sun Cook, o primeiro forno produzido em série que utiliza a energia solar está de regresso ao mercado e é agora comercializado pela SunOK (www.sunok.eu).

O produto  foi originalmente concebido a partir de um projecto do Prof. Collares Pereira, no âmbito de uma rede ibero-americana de cooperação científica. O Sun Cook tinha sido lançado em 2002 pela Sun Co, mas a empresa decidiu descontinuar o fabrico em 2005. No entanto, as crescentes preocupações ambientais, a valorização de uma alimentação mais saudável e natural e o contexto de crise - encorajador da  poupança - vieram alterar o quadro anterior.

O aumento do número de solicitações por parte de particulares, para uso próprio, e de empresas além-fronteiras, para importação para os respectivos países, levou à reactivação deste produto. Assim, no seguimento de um MBO (um conjunto de investidores liderado pelo anterior Director Geral da Sun Co adquiriu os activos necessários para retomar a actividade), o Sun Cook está a receber um interesse renovado por parte do mercado internacional, tendo a nova empresa iniciado exportações para França, Itália e Grécia estando ainda em curso negociações para iniciar as exportações para vários outros países.

Este forno marca a presença nacional no mercado – cada vez mais importante – das energias renováveis – mais concretamente no mercado da exploração da energia solar. Trata-se de um projecto que mantém o seu carácter inovador e que coloca Portugal ao nível do que existe de mais avançado em termos de tecnologia óptica. Desde o seu início, o posicionamento do produto visa satisfazer não só o mercado nacional mas, principalmente, exportar o know-how português para todo o mundo.

O conceito
O forno solar Sun Cook utiliza pela primeira vez neste tipo de aplicação o conceito de “óptica ideal” para recolher e concentrar os raios solares para cozinhar alimentos. Na prática, uma série de espelhos curvos orientam a radiação solar para uma chapa no interior do forno que, por sua vez, permite aquecer e cozinhar os alimentos aí colocados. Este tipo de óptica utilizada, bem como alguns dispositivos engenhosos, evitam que o forno tenha ser que ser constantemente reorientado para o sol.
Além disso, materiais de alta qualidade asseguram um isolamento eficaz permitindo atingir um rendimento superior em comparação com outros fornos semelhantes mas de tecnologia inferior. O conjunto é contido numa caixa em materiais plásticos, criteriosamente seleccionados para o efeito, de pequena dimensão (de 59 cm de largura, 55 cm de profundidade, 29 cm de altura e 13kg de peso) e facilmente transportável.

Testemunhos
O Portal das Energias Renováveis foi recolher alguns testemunhos de utilizadores do forno, os quais se seguem.

O primeiro testemunho foi dado pelo Chef António Almeida (AA) Chefe Executivo do Hotel Quinta da Marinha Resort www.quintadamarinha.com:


PER: De que forma o forno solar pode ser utilizado na cozinha profissional?

AA: Há já algum tempo que me interessei bastante pela utilização de um forno solar na confecção dos alimentos. Há uns anos, vi no México confeccionar pão através de um forno solar convexo e circular cujo resultado da cocção foi espectacular! Ou seja: concluí que a textura que o pão manifestava, depois de, mais ou menos uma 1 hora de cozedura, estava perfeita. Lembrei-me logo que, em termos profissionais, poderia utilizar um forno solar na confecção dos mais diversos menus, à semelhança daquilo que se faz com a técnica de “sous-vide” (confecção lenta de alimentos em sacos especiais de vácuo a baixa temperatura dentro de uma tina com água). Ora, então, verifiquei que tinha a possibilidade de cozinhar através de radiação solar sem ter que o fazer com qualquer tipo de energia clássica. O resultado é, praticamente, o mesmo! Quero com isto dizer que a textura e sabor obtidos através do forno solar são em tudo semelhantes à técnica de “sous vide”. No sector da hotelaria e em especial na área dos menus dirigidos à classe “Corporate”, é sempre uma mais valia cozinhar com um forno solar, até porque o cliente fica, desde logo, sensibilizado para um novel conceito de eco-gastronomia (chamemos-lhe assim) e, consequentemente, para os problemas ambientais com que actualmente nos deparamos.

PER: Os alimentos confeccionados de forma mais lenta adquirem diferentes propriedades em termos de sabor e qualidade?
AA: Sim. Bastante até. Desde os primórdios da humanidade que sabemos que a cozinha se quer lenta. Só que hoje em dia, à velocidade com que vivemos é, praticamente impossível fazermos um tipo de culinária como aquela que os nossos antepassados faziam. Assim, a conservação de todas as propriedades organolépticas dos alimentos, sobretudo o sabor e a textura, só é possível através de uma cocção lenta e sem temperaturas extremas. Ora, o forno solar faz precisamente isso.

PER: Qualquer tipo de alimentos podem ser confeccionados no forno ou existem alimentos mais adequados para este tipo de cozinha?
AA: Quaisquer tipos de alimentos podem ser cozinhados no forno solar. Desde as carnes (aves, caça, borrego, vaca, porco, etc.) aos peixes, passando pelo ovos – por exemplo ovos mexidos com espargos e farinheira – é-nos permitido utilizar as mais diversas técnicas tradicionais de confecção.
Pessoalmente, gosto mais de usar os peixes com o forno solar porque toda a sua suculência, se revela em toda a plenitude. Incrivelmente, mantêm um sabor e textura fora do comum.

PER: Quais são os melhores resultados que já obteve com o forno?
AA: Os melhores resultados que obtive, foi quando utilizei a panela que acompanha o forno, na qual consegui fazer um “confit” de perna de pato. Explico o que é um “confit”: é uma técnica de confecção que usa temperaturas próximas dos 80ºc utilizando para isso, uma peça de carne – neste caso uma ave, que é cozinhada lentamente durante um espaço substancial de tempo numa qualquer gordura vegetal ou animal. Para este caso, utilizei a gordura de ganso. Foram horas a cozinhar sem gastar qualquer tipo de energia!!!

PER: Os clientes “sentem a diferença”?
AA: Sim. Como o sabor é mais realçado e, logo mais natural, sente-se imediatamente uma grande diferença relativamente às iguarias cozinhadas na forma tradicional. Pelo menos, é esse o “feed-back”.


Outro testemunho sobre o forno foi obtido junto uma utilizadora assídua do fornos solar, Rute Túbal (RT), onde, no seu blog http://publicarparapartilhar.blogspot.com/ nos mostra algumas das suas experiencias culinárias sem e com o forno solar.

PER: Como conheceu o forno solar?
RT: Através do site http://www.energialivre.com.pt/
 
PER: Com as pressas do mundo de hoje, o forno solar consegue ser prático?

RT: Sim consegue. Apenas requer um planeamento antecipado. No entanto, o forno solar não pretende substituir integralmente o modo de cozinhar tradicional. Vejo o forno solar como uma alternativa pontual. Utilizo-o apenas quando é viável, especialmente em termos de condições atmosféricas (sol e no meu caso, pouco vento). Uso o meu forno solar numa varanda, num 4ºandar, em plena cidade.
 
PER: A experiência de um cozinhado mais “slow” é diferente?

RT:  Não, não é. Um forno solar é idêntico a um forno eléctrico. Por exemplo, para assar um bolo há que aquecer préviamente o forno solar, vazio, ao sol. O único pormenor a ter em conta para maior eficiência é a utilização de utensilios pretos : tabuleiros, tachos, formas de bolo, etc... Também funciona bem com formas de silicone e para aumentar a rapidez convém usar fôrmas de pequena dimensão. Tal e qual como num forno normal: se fizer queques vão assar mais rápido do que um bolo grande.
 
PER: O sabor dos alimentos é diferente?
RT: Depende. Grão e feijão cozido fica igual. Bolos, pães, quiches ou tartes doces apenas não ganham cor por cima (o "bronzeado" caracteristico do forno normal) mas ficam perfeitos por dentro. Compotas ficam magnificas (não há melhor!). No caso da fruta e dos legumes assados, o sabor é um misto entre o assado e o cozido, por vezes lembra os legumes ao vapor. No forno solar não se pode esperar obter algo tostado. O que há a fazer é dar-lhes um toque final no grill do forno normal se assim o desejarmos (não é obrigatório).




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