29/11/2008
Dossier: As energias renováveis e o impacto na economia mundialTodos nós já ouvimos falar no “…dá-lhe uma cana de pesca e ensina-o a pescar…” em oposição a “…dá-lhe peixe para comer…” como sendo uma metáfora de que é muito mais interessante aprender a resolver os problemas do que a ter a solução na mão sem qualquer esforço. As energias renováveis permitem a todas as comunidades agir de acordo com o ecossistema em que estão inseridos. O conceito de desenvolvimento sustentável pode resumir-se no seguinte conceito: não usar o que não temos. Esta forma de pensar levanta grandes questões aos padrões de vida actuais em que estamos habituados a viver independentemente do ecossistema que nos rodeia. O facto de passarmos a utilizar os recursos energéticos que nos rodeiam, apostando na descentralização, no equilíbrio ecológico, respeito pelo meio ambiente e sustentabilidade (por oposição a monopólios e a centralização) são a aposta clara para podermos viver em verdadeira harmonia. Portugal é um país abençoado: ameno, com amplos recursos solares, eólicos, em biomassa, hídricos, de marés, do oceano e mesmo geotérmicos. No entanto somos totalmente dependentes dos combustíveis fósseis, para lá da grande hídrica – apenas válida na componente de produção de electricidade – e não apostámos em qualquer outra forma de energia renovável para lá dos diversos mini projectos de investigação que existem. Recentemente a energia eólica saltou para os jornais como campeã das renováveis a par do solar fotovoltaico e dos biocombustíveis. No entanto a abordagem tem sido economicista e portanto todo o investimento tem vindo de fora com os dividendos a não ficarem em Portugal, nem o know how associado. Os portugueses não têm qualquer relação com as renováveis e os grandes problemas da nação actualmente: aumento do preço dos combustíveis fósseis (todos estão indexados ao petróleo), desemprego, aumento do custo de vida podiam todos ter uma resposta diferente caso o investimento nos recursos nacionais tivesse sido feito a par de formação de quadros nestas áreas. Mesmo neste panorama sombrio as Energias Renováveis começam a fazer parte do léxico dos portugueses. Os “painéis solares” no Alentejo, “as ventoinhas” na zona do oeste e norte do País são já citados por muitos, mas vejamos a real evolução da produção de energia eléctrica de acordo com a DGEG: Mas temos de ir aos menos falados: biomassa sem co-geração de 8 para 24, 3 vezes em 7 anos, biogás de 1 para 12,4, 12 vezes. Comparemo-nos com a Europa: Estamos perto do topo e devemos estar contentes, mas pense-se em quantos de nós estiveram e estão ligados ao sector das renováveis; Que o consumo energético não é electricidade apenas; Quantos colectores solares térmicos temos instalados no nosso país? Que uso fazemos da geotermia? Porque continuamos a negligenciar as ondas do nosso mar? E as marés? Tecnologicamente precisamos de evoluir, necessitamos de nos especializar e crescer numa vertente de independência e sermos capazes de nos sustentar e progredir em termos da nossa qualidade de vida. Por: Agostinho Miguel e João Saraiva PER |