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HÍDRICA
04/02/2010

O último ciclo das grandes barragens


Com a construção de oito novas barragens hidroeléctricas até 2020, Portugal entra no último ciclo de grandes obras para aproveitar o potencial dos rios, apostar nas energias renováveis e reduzir as emissões poluentes. Mas precisa de mais engenheiros especializados.

É por isso que, hoje e amanhã, se realiza, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), uma conferência internacional sobre "Aproveitamentos Hidroeléctricos em Portugal - Um Novo Ciclo". Participam três centenas de jovens engenheiros e há comunicações de especialistas que transmitem o saber acumulado pela geração de técnicos que "fez" as barragens entre as décadas de 1950 e 1990, explica Luís Braga da Cruz, professor de História da Engenharia Civil da FEUP e organizador da iniciativa, que é uma introdução à futura pós-graduação da escola em barragens.

Aquele período foi especialmente marcado pelo "salto" entre 1950 e 60, quando a capacidade instalada passou de 152 megawatt (MW) para 1085 MW, correspondendo, no final dos anos sessenta, a 81% da capacidade total do sistema electroprodutor. Fruto do regresso em força das centrais térmicas, entre 1968 (Carregado) e 2004 (Ribatejo), e da importação, essa percentagem é agora de 29% (quadro na infografia), nota o empresário de energias renováveis e antigo presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos Jorge Vasconcelos, numa comunicação que apresenta hoje.

Mesmo com a entrada em serviço da barragem do Alqueva, o potencial hidroeléctrico por aproveitar é superior a 50%, observa Luís Braga da Cruz, antigo planeador da EDP, ex-presidente da comissão de Coordenação da região Norte e ex-ministro do Equipamento Social. Com as grandes barragens previstas para as bacias do Douro, Mondego, e Tejo (infografia), e o reforço de potência nas do Cávado, Douro e Guadiana, a capacidade hídrica do país no ano de 2020 deverá ser superior a 8600 MW, mais 73% do que a actual (4980 MW), que corresponde a 30% do parque electroprudutor (16730 MW).

O investimento em novos aproveitamentos hidroelectricos integra a estratégia europeia de reforçar a participação das fontes renováveis na produção de energia eléctrica. É a chamada política dos "três 20" para 2020, quando as emissões de gases com efeito de estufa deverão estar reduzidas em 20% em comparação com as de 1990; o consumo de energia deverá ser inferior em 20% ao que se verificaria num cenário sem iniciativas para alterar o consumo (business as usual); e a produção de energia eléctrica deverá ser baseada em 20% em fontes renováveis. Para Portugal, a quota das renováveis no consumo final de energia deverá passar dos 20,5% em 2005 para 31% em 2020.

Além de aproveitarem uma energia endógena, assinala Braga da Cruz, as barragens permitem poupar na importação de combustíveis, reduzem as emissões de gases com efeito de estufa, incorporam muito mais tecnologia nacional e a sua construção cria mais empregos.

Por: Alfredo Maia


JN


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